14/06/2017

É verdade que já não foi a minha primeira vez, mas caramba

Fui à praia. Já tinha ido este ano, mas não conta.
Até ia contente, a estrear um bik — embora, má ideia, branco sobre uma pele que ainda não é bege decente —, o percurso foi na paz, apesar de o estacionamento já ter envolvido algumas batalhas, porque eu acho sempre que o meu carro, assim como eu, não cabe em lado nenhum. Mas isso é problema meu. 
Bandeira amarela, mar de gentes a perder de vista, mas eu, ao contrário do carro — que tem a mania que não cabe em lado nenhum —, arranjo sempre lugar num cantinho qualquer invisível a olho nu, mas que, e talvez por isso, até oferece alguma invisibilidade à (quase) nudez em que me encontro. 
No caminho para o mar, meti o pé numa argola qualquer em forma de buraco, caí de gatas e doeu-me logo o orgulho, que ficou feridíssimo. Um joelho esfolado, sem dor, mas com ardor do mar salgado. (Se fosse o Cristiano Ronaldo, esse mesmo que agora parece querer povoar o Mundo mais do que eu, já estavam a accionar o seguro e a bombar na fisio, e cenas.) O pior foi a posição de rabo para o ar, ou melhor, para o povo. Então não podia ter caído no regresso, virada de frente para a plateia? Não, não podia. Isso era se fosse outra pessoa. 
Água gélida, mas o calor da vergonha ajuda à coragem, e vai de mergulhar. Tinha menos um brinco, quando emergi. Comprei-o em Olhos d'Água, uma localidade que o mais belo que tem é o nome. E também tem mar.
Crianças impacientes, pais desesperados. Uma miúda que quis porque sim jogar à bola nos escassos trinta centímetros que separavam a minha toalha da dos adultos que a acompanhavam. (Nunca percebo muito bem os parentescos de alguns grupos.) Uma outra que levou os pais ao limite, incapaz de lidar com os irmãos, e ainda se pôs aos berros, a chorar (?), porque, imagine-se, o pai a pôs de castigo. (Quieta e calada, deitada na toalha, olha a ofensa, olha a violência sobre a selvagenzinha.) Pus-me a pensar que "eles" dão muito trabalho quando são pequenos, mas nada se compara às guerras de nervos do final da infância e da pré-adolescência, que consegue ser mais requintada do que a própria adolescência. 

Em resumo: estacionamento difícil, bandeira amarela, mar de gente, queda, brinco perdido, ambiente incomodativo.
Cômputo geral: valeu tanto a pena. 


10 comentários:

  1. E a pós-adolescência? Ui....

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    1. Imbuem-se da verdade absoluta e nunca mais nos devolvem o bebé que nos levaram...

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  2. Anónimo14/6/17

    Portanto,um começo de praia igual a tantos outros ?? E eu com a praia aqui ao lado e não gosto nada ?? Deus dá nozes a quem não tem dentes, é o que é ;)
    Beijinhos Azulinha
    Miss

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    1. Sim, nem há variações de ano para ano...
      Ai, que desperdício, Miss Curvas :)
      Beijinhos

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  3. On the bright side?
    Bom dia Linda (not so) Blue.

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    1. Always on the bright side, even when I'm in the dark, or feeling blue.
      Bom dia, Outro Ente.

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  4. Anónimo15/6/17

    Ainda bem que valeu a pena. Gosto de praia (e de campo, já agora) mas por vezes fico aborrecida com a gritaria e comportamentos duvidosos da vizinhança. É o que temos, eu sei.
    Ainda não fui, apesar de...

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    1. Eu também gosto de campo, mas aguento, no máximo, uma semana. Preciso de agito, ruído, caos.
      Mas não da gritaria + areia pelo ar + água salpicada + famílias sonoras...

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  5. Os encantos da praia em dias de romaria! (também tenho saudades do meu bebé)

    Beijocas, Lindinha:)

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    1. A diferença de uma praia com pouca gente, e a que está, é silenciosa... nunca mais vou conseguir habituar-me ao chavascal.
      (e nunca vou habituar-me a não ter os meus bebés)

      Beijocas, Mary :)

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