20/01/2017

Não sei vestir-me para enfrentar o frio

Tirei esta conclusão ao cabo de três dias de lutas e brigas corpo-a-corpo com o meu roupeiro — era eu dizer "closet" e ficava tão blogger da minha parte... mas é que não: trata-se de um armário de portas de correr, a transbordar de trapos, os quais uso para aí metade, e a outra metade está a tratar de compactar/dar cabo do que ainda uso — e com as minhas convicções mais ou menos íntimas. 
Quarta-feira passada, que há-de ter sido e há-de ser o dia mais frio do ano, vesti umas calças jeggings com camiseiro branco e casaco de malha. Antes de vestir o casaco sobretudo, entendi que, mesmo de luvas e gola de lã, ia rapar um frio de ananases, e então vai de mudar de ideias e vestir a que considero a minha camisola mais quente: uma coisa de decote redondo, em malha de lã fininha, com corte estilo sei lá quê (Império? É que não pareço muito a Josefina, mais pareço grávida com aquilo.) (Talvez seja "à mamã".) (Sei que fico obesa), mas desisti ainda antes de cruzar a porta. Foi tão enervante não acertar à segunda, que fui espalhando roupas em cima da cama. Deu-se que estava determinada a vestir umas calças, convicta de que as calças aquecem mais do que as saias. Nada mais errado, se optarmos por um par de fazenda, como optei eu estupidamente, em detrimento dos meus ricos collants opacos e dos meus vestidos de malha. Portanto, e em resumo, quarta-feira passei as passinhas de Bragança, num regelo de dar gosto aos pinguins. Era o frio a entrar-me pelos fundilhos das calças, pois optei candidamente por meias baixinhas (uma senhora não usa soquetes, chiu), já que tenho um preconceito contra as meias até ao joelho que anda ao nível dos peitos fartos. (E não me venham cá com o argumento de que as meias estão tapadas pelas calças, que uma pessoa despe-se à noite, encara com a dita meia e já dorme deprimida). Acresce que ainda acrescentei à calça bonita uma blusinha fina mais camisola grossa, tendo tido como resultado que depois me vi grega e desejei ardentemente para conseguir abotoar o raio do sobretudo, que é estreitíssimo (não fui eu que engordei, tá? Estava enchouriçada como um chouriço, mais nada), mas consegui sobreviver inspirando todo o ar para os pulmões, e conduzindo com recurso apenas a mãos no volante/mudanças, pés nos pedais e olhos nos retrovisores. Sem mexer mais do que as pálpebras, e, e.
Quinta, ontem, já não caí na treta, vesti um vestido de lã, de gola alta, casaco, gola, luvas, collants opacos. E tive um vislumbre de calor em todos os bocadinhos do dia em que me pus ao sol como o caracol. 
Hoje já deve ter aumentado um nico a temperatura da atmosfera, pois de vestido de malha sem gola, sem luvas, e com o casaco aberto, já consegui ter calor só com os nervos que está a ser este meu dia. 
Devia era ir para as compras, é que não tarda estamos no Verão e eu sem nada para o enfrentar com mais calma. 



Sem comentários:

Enviar um comentário