29/07/2016

O Acordo e eu

Temos uma estranha relação de adesão-repulsa, porque não pode ser de amor-ódio, uma vez que eu não sou dessas coisas.
Na minha vida profissional — e exerço num campo em que escrevo cerca de 6.500 (lestes bem, seis mil e quinhentas — eu ensino o truque, se me pedirdes com jeitaço) palavras por dia, fora as que venho aqui depositar à ordem do blog —, escrevo com Acordo, e jamais me engano. Aqui e nos outros lugares onde não me pagam para apresentar coisas escritas, não uso Acordo. Não gosto nem desgosto, simplesmente não concordo, passe a contradição. Começa e acaba porque aprendi a escrever assim, na escola primária, e isto já não muda. (Também ainda não me adaptei ao euro, meu rico conto de reis e de princesas.)
Outro dia, en passant comme les éléphants, dei com isto:


Para já, fiquei logo ali um nico nervosa, porque a frase que está pintada na parede abre uma aspa e fecha duas. Mas depois, dentro da frase propriamente dita, pareceu-me avistar o nome daquela rainha inglesa que andou a espalhar gente por todos os cantos da Europa, e não uma citação de um senhor... oh, wait, Jeremy H., não sei de quem se trata, mas a ignorância pode ser minha. Fui estudar. Mas, como sempre, as minhas lições ficam estudadas para o 10, deve parecer-me a fasquia do 20 muito alta. Jeremy é ou foi um ciclista canadiano, o que bate certo com a parede de uma sala cheia de biclas, embora estas sejam de não ir a lado nenhum. Manda a regra que as citações sejam respeitadas no original. Faz sentido. Eu também levei com o Luiz Vaz no original e não piei. (Por acaso, até piei. E cada vez que me lembro volto a piar. Piu.) Já aquela ali, do meu exemplo, e sendo uma tradução de uma citação, alguém sabe explicar-me que lógica tem escrevê-la em português antes do AO, ainda que Jeremy H. a tenha proferido há duzentos anos? É que nem a Ciberdúvidas (existenciais) me tira este enigma, ou sequer me cessa este castigo.

4 comentários:

  1. Creio que o senhor Jeremy H se terá inspirado nesse outro grande atleta, Bart Simpson, autor (ahem!) da não menos inspiradora frase Pain is temporary but glory is forever. (Claro que um erro escrito na parede não é glória, mas lá que fica para um bocado de sempre, isso ninguém lho tira).

    Boa noite, LB :)

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    1. Um e outro tinham uma fixação qualquer, um numa Victória, outro numa Glória. Está tudo explicado, então. Tudo de Acordo (ou sem ele).

      Boa noite, Xilre :)

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  2. Lady Kina31/7/16

    Creio que foste plagiada, aqui há atrasado, por aquele senhor do bolo-rei.

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