18/06/2015

Ela fala tanto

Estou tão cansada.
Ando a trabalhar demais. Sento-me aqui às 9 horas e saio daqui às 20. Às vezes, pego na enxada às 8 (se calha a ser sábado ou domingo) e deslargo às 10 da noite. Faço uns intervalos que me sabem a pouco, que nem um brilhozinho nos olhos e a saia rodada me podem valer, e volto para as teclas, que suplício de Tântalo, nem sei como é que ainda não tenho cara de desenterrada. Não me posso esquecer de agradecer a genética à minha mãe, quando voltar a vê-la. A ver se ponho isso num post-it. 


Entra e liga um turbo qualquer, desbobina uma matraca, destrava uma roda dentada. Que a filha fala muito alto, que já lhe disse que tem que falar mais baixo, que lá no bairro se ouve a voz da filha aos gritos ainda ela está longe de casa, que vai na rua e toda a gente ouve o que ela diz, que nunca fala para ela sem ser altíssimo, que já a levou à SAP, a ver se a médica lhe encontrava alguma coisa, que a médica não lhe encontrou nada dentro dos ouvidos, mas que ela berra, em vez de falar, que até o irmão também já fala assim, e põe a televisão muito alto, os dois vêem televisão com o som quase no máximo, e a música, então, nem se fala, já gritam os dois. 

E relata-me isto tudo de enxorrilho. 
Aos gritos.

[eu poupei-vos ao caps lock]

(Estou cheia de ruído.)

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