17/05/2014

Primeiro dia de praia

Mentira. Já tinha ido, mas vestida, já não sei porquê. Ah, já sei: estava frio. Hoje foi mesmo a sério. Fui vestida na mesma, com a diferença que despi uma parte quando lá cheguei. Por acaso, este ano, que estou quase em melhor forma do que aos 15 anos (agora dou para a droga) o ano passado, deu-me para querer um maillot. Quer dizer, quis o triquini, não encontrei (acho que sonhei com ele, nunca deve ter existido), fui-me a esta beleza:


Refiro-me ao fato-de-banho, não à menina, que não me aquece nem me arrefece. Eu fico assim como ela, mas em bom. Ou melhor, fico assim como ela, mas sem photoshop e com mais umas coisas em cima. Mais real, portanto.

Assumidamente, venho aqui para a maledicência. O primeiro dia de praia é sempre um choque cultural para mim. Pode ser um mecanismo de defesa, para sublimar o facto de ainda estar bege, com sobras do Natal e da Páscoa e os pés com ar de terem andado espremidos em botas de ski durante um ano (eu um dia conto o que foi a única viagem da minha vida ao ski. Épico). Ainda assim, ou talvez por isso, consigo não me meter debaixo da toalha de praia nem cavar um buraco na areia para me esconder. Chego a sentir-me tentada a ir fazer alongamentos para a beira-mar. Está tudo em tão más ou piores condições que eu.

E concluo, pelo enésimo ano consecutivo que, à parte um piquinho de falta de educação, de civismo e de semancol, há três pormenores que não podem falhar:

1) Ter uma tatuagem. Uma qualquer, o importante é a cagadela azul no meio da pele. Eu, como fiquei traumatizada na escola cada vez que algum menino me fazia um risco no braço, não suporto aquelas manchas de BIC na carne das pessoas. Olha, manias de velhos. Por falar nisso, anseio quase carnalmente pelo dia em que aquelas tatuagens envelheçam. Vão ficar um miminho.

2) Ter uma zona de gordura localizada. Pode ser na cintura, nas costas, no entre-pernas, na barriga, nas mamas (é bonito de se ver nos senhores), nos braços, na papada. Tem é que lá estar. Fonix, já não me sinto tão mal quando fizer adeusinho com o pulso a girar, em vez de usar o braço todo. E quando sentir as minhas pernas a roçarem-se uma na outra, como dançarinos de kizomba.

3) Ter joanetes. Pronto, agora quem não tem joanetes não é fixe, eu acho. É que é cada par que até dá gosto. Dedinho para o lado, as bolinhas, algumas vermelhinhas e tudo, ali no areal, ou na sandalete da praia, tudo muito proeminente e descontraído. Esta é outra moda que eu não consigo acompanhar, a menos que amarre elásticos do cabelo aos dedos dos pés durante a noite (sou doente, já tenho tudo pensado). Mas é que não faz sentido. Os meus pés devem ser os pés mais sofridos que eu conheço. Não conheço mais nenhuns intimamente, mas sei que sou uma pessoa que sofre em silêncio, e não vejo mais ninguém neste drama existencial. Praticamente só uso saltos altos o ano inteiro. Alguns dos meus pares de sapatos espremem-me os dedos. Tenho um pé maior do que o outro, o que tem como consequência um pé apertado ou um chinelo no outro. Devia ser eu quem tinha os maxi-joanetes da praia. Ao invés, cheira-me que é o povo que anda de sapato confortável todo o ano é que exibe os maiores. Está mal.

Vim de lá tão agastada que resolvi começar HOJE uma dieta. Quero perder quilos. Uns cinco, uns dez, até parecer um cão abandonado, mas quero perder. Já fui ao Continente ao som do meu estômago e resisti, não comprei porcarias nenhumas. Cheguei a casa e comi um iogurte dos meus. Estive a ver o site do Santini e chegaram-me as lágrimas aos olhos (ou seria saliva a escorrer das glândulas?). Vou ficar seca que nem um carapau. De mau humor, mas linda. Ou melhor, Linda.

2 comentários:

  1. Ponto 1 - Confere e a dobrar, uma delas ocupa um pedaço "honesto" das minhas costas. Cara metade tem 5.
    Ponto 2 - Confere. Cara metade... Não conta para este totobola.
    Ponto 3 - Não confere. Em nenhum dos dois

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    1. 1) Não gosto, ninguém me convence. Sorry.
      2) Todos nós, uns mais que outros.
      3) Bem vindos ao clube :-)

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