27/02/2014

"Her" - Uma história de chacha

Embora hibernada em trabalhos forçados, algo me impele para fazer uma pausa. Pode até já doer-me a cervical, aquela zona ao nível do pescoço (não sei se já aqui disse que, para além das outras não-doenças muito comuns, ainda não sofro de mais esta: as dores nas costas. Não tenho. Nunca tive. Um dia fico marreca na mesma, mas sem dar por isso), portanto, dói-me um bocado o pescoço, nada que não se aguente. Dói-me o rabo, o que é chato, sobretudo se me quiser sentar na sanita, ou assim. Doem-me as pernas - as duas! - e as pontas dos dedos, de tanto dar à tecla. E ainda aqui estou a dar cartas da minha vida.

Mas é que vi o "Her", no meio deste turbilhão. A bem dizer, vi no wareztuga, não no cinema, porque, de momento, pouco mais faço do que arrastar o dolorido de uma divisão para outra, e foi no conforto da minha sala que aconteceu o visionamento. Eu sou uma pessoa que gosta de amores estrambólicos e acredito em histórias impossíveis. Sou aquela que não vê resquícios de pedofilia nos "Pássaros feridos", nem de pecado n' "Os Maias" ou, sequer, n' "A tragédia da rua das Flores". Acredito na pureza do amor de todas as personagens tortas do Somerset Maugham, infieis, adúlteras, passadas da validade ou, simplesmente, destrambelhadas, mas amantíssimas. Eu sou aquela que verte uma lágrima de cada vez que vê o trailer do "Diário da nossa paixão", apesar da testa e do bâton da Rachel McAdams, ou, se calhar, por causa do Ryan Gosling (querido, lindo, olha, amor, não acredito nada que vás envelhecer como o James Garner, tu és um Paul Newman mas em ainda melhor, coração, bebé, cá beijinho). Portanto, assentamos já aqui que, fora uma treta que o Woody Allen fez há uns anos, de um homem que se apaixonou pelo seu porta-chaves, eu acredito no amor em todas as suas formas e manifestações, não olhando ele, o nobre, a credo, cor, idade ou sexo e também resistindo a todos os entraves, tal e qualmente um tsunami daqueles. 

O problema do Her não é o facto de o senhor se ter apaixonado por um sistema operativo. Para já, eu morri aos vinte minutos de filme, mas isso pode ser porque ando mesmo nas lonas e já tudo me parece uma melodia de embalar. Despertei para aí um minuto depois e fiquei a ter ataques de pernas inquietas, que é aquele síndrome do qual padeço, esse sim, em bom. Ora ide lá googlar, para verdes (do verbo ver) como é tão agradável. Foi um suplício de Tântalo aguentar a seca até ao fim, mas aguentei, sempre a acreditar que aquilo ia melhorar e a gaja ia saltar de dentro do computador para a vida real e eles se iam beijar na boca até desfazerem os lábios um do outro. Como já uma vez vi um filme, com a Sandra Bullock, que era "A casa do lago", em que as personagens viviam na realidade com dois anos de diferença e, ainda assim, se encontravam no fim, achei que estes dois também iam ultrapassar a barreira (do som?) e coiso. Como não, ainda achei aquilo mais enfadonho. E considero imperdoável terem desfigurado daquela maneira o Joaquin, para que a personagem ficasse ehhh mais credível? Mais totó? Olha, lindo, eu, se fosse à voz do sistema, com esse bigode e esses óculos, nem que fosse obesa mórbida, ninguém me arrancava do PC, isso te garanto. Cá beijinho também.

E depois queixo-me que me dói a peida. 

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