15/06/2013

Mãe do André, cá um beijinho de parabéns!

Jantar de aniversário de um amigo, que atingiu mais uma década (50, o caco!). Sem ter lido o convite, sem conhecer o dress code, fui de vestido branco e bingo. Check. Restaurante de praia, um frio assassino. Entrei a pés juntos, ainda não estaria lá há dez minutos, já estava a cometer a gaffe da noite. Dirigi-me a uma amiga do meu amigo, que teria a idade dele, e "Deixa cá dar um beijinho de parabéns à mãe do André". Eu sei que não tenho desculpa. Nenhuma, mesmo. Nem sequer que vejo mal e, portanto, posso ter feito uma confusão. Ou que já tinha bebido uns copos e baralhei as imagens. Nada, a seco, sóbria. A pessoa em questão olhou-me com tanta raiva, a parva, mas eu até percebo que haja pessoas que me odeiem. Eu sou, seguramente, a rainha da gaffe. Nunca conheci ninguém mais pródigo na matéria que eu. Dava para mais um separador deste animado buraco. Sou odiosa. Depois, podia, ao menos, demonstrar alguma atrapalhação, nem que fosse simulada, ou pedir desculpas e sair discretamente do círculo mais apertado que eu própria rasgo à minha volta. Não. Em vez disso, largo-me a rir, porque nessas alturas tudo me parece imensamente cómico*. Durante o percurso em direcção aos braços da "mãe do André", levei uma cotovelada do próprio, que me rosnou "Não é a minha mãe!" e eu "Hah, então é a irmã mais nova da tua mãe!?" (já não ter dito "a tua avó"...), e ele, ainda a rosnar "Não!". Mas por que é que eu não me calei? O que é que me impede de me calar? "Então, é a amiga mais nova da tua mãe, pronto!". Nesta altura, já toda a gente se ria, dos nervos , menos a mal-encarada da "mãe do André", muito aziada (ai que falta de sentido de humor!) e eu a insistir "É que são tão parecidas...". Alguém disse "E ela ainda não bebeu nada!", o que até me deu uma boa ideia, dado o frio que estava, e foram três copos seguidos de sangria, para aquecer e ganhar pedalada para a seca que se seguiu, sentada à mesa, rodeada de velhos chatos que se levam tão a sério, juro que até tive um ataque de inquietude nas pernas. A verdadeira e única mãe do André apareceu entretanto, e vieram avisar-me, mas eu recusei-me a dar mais um passo que fosse nesse sentido. Depois da sangria, o mais certo era tirar mal os azimutes e acertar com outra pessoa em vez da senhora em questão (com alguma vaca, ainda atingia em cheio com dois beijinhos a outra antipática, isso é que era o pleno!).  

*Pode ser um síndrome nervoso qualquer, semelhante à absoluta incapacidade que possuo de frequentar velórios sem me desmanchar até às lágrimas. De riso. Eu mereço o ódio.

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